Nos dias 5 e 6 de junho, o Centro MariAntonia promove, em parceria com a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e com a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, a jornada internacional Teatro e Escravismo: nexos, elipses e inadequações, que reunirá pesquisadores para debater as relações entre as formas teatrais e as estruturas sociais na experiência estética e política brasileira entre os séculos XVI e XIX. O evento é gratuito e aberto a todos, e as inscrições devem ser feitas pelo e-mail teatroeescravismo@gmail.com.
O objetivo é interrogar como as práticas teatrais respondiam às autorrepresentações das elites dominantes e dirigentes em diferentes momentos, considerando as práticas e as expressões de subversão e de rejeição às linguagens teatrais consagradas na tradição europeia. Tais perspectivas serão abordadas a partir de problemas concretos e cotidianos da vida teatral na sociedade brasileira. Busca-se pensar as relações entre teatro e escravismo a partir dos nexos que conectam as formas de teatralidade à estrutura social no período colonial e imperial; ficar atentos às elipses ou aos não-ditos que historicamente que invisibilizaram protagonismos que, no entanto, irrompem e transformam sentidos das encenações; e por fim, valorizar
as “inadequações” e os deslocamentos que abrem possibilidades interpretativas desafiadoras.
Serão oferecidas declarações de participação aos que fizerem inscrição prévia.
Programação
Segunda-feira, 5 de junho
14 horas – Usos do passado na escrita teatral: mistura de gêneros e de tempos
Mediação: Josiane Sampaio (USP)
“Cenas da escravidão no teatro brasileiro”, João Roberto Faria (USP)
“Povos originários e escravidão: dilema para o ‘indianismo’ no século XIX”, Elizabeth Azevedo (USP)
“A persistência do cômico: preconceito linguístico e marginalização do negro na dramaturgia brasileira do séc. XIX”, Orna Messer Levin (Unicamp)
O espaço teatral como esfera pública: encenações e invisibilidade social
Mediação: Marianna Monteiro (Unesp)
“Um “poema choreographico”: performances e teatralidades negras em ruas e palcos da América. Nirlene Nepomuceno” (Unifai)
“Academias coloniais, performance e antiiluminismo das elites”. Iris Kantor (USP)
“A representação do Brasil no palco português: A Real tragicomedia del descubrimiento y conquista de Oriente na Entrada de Felipe III, em Lisboa, 1619”, Lisa Voigt (Ohio State University)
16 horas – Mecenato e escravismo: circuitos fechados
Mediação: Rodrigo Goyena (USP)
“Um esquecido amigo do Teatro”: o traficante Angelo Francisco Carneiro e a fundação do Teatro de Santa Isabel, Aline de Biase Albuquerque (IFSertãoPE/ UFPE)
O Negreiro à frente do teatro: José Bernardino de Sá na direção do Theatro Imperial São Pedro de Alcântara (1845-1851), Mariana Mayor (USP/Unesp)
Teatralidades e linguagens: deslocamentos musicais
Mediação: Luciano Mendes de Jesus (USP/ELT)
“Teatralidades rituais negras no Brasil, séculos XVIII e XIX. O que nos revelam e escondem as gravuras?”, Salloma Salomão(ELT)
“Músicos negros na luta abolicionista – racismo, branqueamento e invisibilidade no cânone historiográfico”, Rafael Galante (USP)
“Martins Penna, João Caetano e Paula Brito contra José Bernardino de Sá: redes de artistas, sonoridades negras e lutas antiracistas no teatro carioca durante o tráfico negreiro-ilegal (1838-1850)”, Luiz Costa-Lima Neto (FAVI/RJ)
17h30 – As Companhias de Teatro: trabalho, improviso e precariedade
Mediação: Mariana Mayor (USP/UNESP)
“Laços de irmandade”, tensões identitárias e conflitos de trabalho entre brasileiros e portugueses no mundo teatral da segunda metade do século XIX, Silvia Cristina Martins de Souza (UEL)
“A cor da Ópera no Brasil setecentista”, Rosana Brescia (Universidade Nova de Lisboa)
Audiências no contexto abolicionista
Mediação: Nirlene Nepomuceno (UNIFAI)
“A participação das companhias teatrais na campanha abolicionista: a turnê da Companhia Dramática Julieta dos Santos(1882-1884)”, Ricardo Caires
(UNESPAR)
“Ópera e Abolicionismo”, Rogério Budasz (University of California)
“Teatralizando o movimento: as peças abolicionistas como fonte histórica”, Alain El Youssef (USP)
19h30 – Encerramento
Mesa-homenagem: Da Lata de Lixo da História (1977) à Rainha (2022): entreatos da vida brasileira
Mediação: Tata Amaral
Paulo Arantes e Luiz Felipe de Alencastro e convidad@s.
Serviço: