Cinco artistas de três gerações diferentes mostram seus trabalhos utilizando a cidade de São Paulo como cenário, com curadoria de Claudio Mubarac
O Centro MariAntonia inaugura, no dia 3 de abril, às 18 horas, a exposição São Paulo cidade, sinais, manchas e sombras, coletiva dos artistas Evandro Carlos Jardim, João Luiz Musa, Marco Buti, Lucas Eskinazi e Rafael Aguaio, com curadoria de Claudio Mubarac, que reúne mais de 100 obras. A visitação acontece de terça a domingo, e feriados, das 10 às 18 horas, com entrada gratuita.
Mubarac, também professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, salienta que a mostra apresenta o que os artistas têm em comum: os passeios pela cidade como motor na construção dos trabalhos que apresentam. “A cidade é o cenário e, porque não dizer, substância formadora de seus imaginários”, explica. Também os trabalhos revelam uma dissolução dos gêneros e dos processos artísticos ensimesmados, prática corrente nas oficinas de desenho, gravura e fotografia da ECA.
A exposição também é uma homenagem aos noventa anos de Evandro, também professor do Curso de Artes Visuais, juntamente com João Musa e Marco Buti, e os dois alunos de pós-graduação em Artes Visuais, Lucas e Rafael.
O curador lembra que o título da mostra é um empréstimo carinhoso do nome de uma das sequências de imagens cunhadas pelo desenhista/gravador Evandro, que caracterizavam as salas da mostra na Pinacoteca, realizada em 2005. Segundo Mubarac, “há aproximações e diálogos profícuos entre as gravuras, desenhos, vídeos e imagens fotográficas de Marco Buti, as fotografias de João Musa e Rafael Aguaio, e as fotografias e filmes de Lucas Eskinazi”.
João Musa traz um conjunto de fotografias que produziu entre 1994 e 1999 e que constituem o seu doutorado, intitulado O Viajante e as Cidades numa fusão rara entre rigor e liberdade.
Marco buti utiliza leituras, filmes, pinturas, instantâneos da cidade, dentre muitas outras, como meios de construção de seu trabalho e apresenta desenhos, gravuras, objetos, fotografias e vídeos.
Já Lucas Eskinazi reúne para esta exposição conjuntos relacionados à sua tese de doutorado, Um aceno, de longe, às palavras, com orientação de João Musa, com trabalhos fotográficos e fílmicos, em larga margem contaminados pelas visões luzentes e agitadas pelo desejo das imagens. Rafael Aguaio, por sua vez, apresenta fotografias na mostra como parte de seu mestrado, orientado por Marco Buti. Segundo o curador, “suas fotografias estão tingidas pela prática e pela história do desenho, tendo a câmera não como um ´lápis da natureza, mas como uma lanterna que, muitas vezes, ao invés de receber a luz, a projeta”.
Como parte da programação paralela à exposição, haverá mesas-redondas, conversas e ciclo de filmes.
Os artistas
Evandro Carlos Jardim (1935). Gravador, desenhista, pintor, ingressa, em 1953, na Escola de Belas Artes de São Paulo, onde estuda pintura, modelagem e escultura, e gravura com Francesc Domingo Segura, em 1956 e 1957, formando-se em 1958. Especializa-se na gravura em metal, que paralelamente à carreira artística, vai ensinar durante muitos anos no Curso de Artes Plástica da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, onde fez mestrado em 1980 e doutorado em 1991. É professor aposentado da ECA e continuou atuando em ateliês livres, como o do SESC Pompéia e o do Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP, a partir de 1987. Desde jovem despontou em diversos salões, ganhando prêmios relevantes, e em exposições coletivas e individuais, com destaque para a Bienal de Veneza e Bienais Internacionais de São Paulo, e as retrospectivas na Pinacoteca de São Paulo e no MASP, em 2005 e 2010, além de expor em diferentes museus do mundo em Bruxelas, Tóquio e Madri., entre outros.
João Luiz Musa (1951) é graduado em Engenharia pela Escola Politécnica (EP), mestre e doutor em Artes pela ECA, onde é professor livre docente responsável pela área de fotografia junto ao departamento de Artes Visuais na mesma escola. Dentre sua produção artística/ fotográfica, editou e imprimiu os ensaios fotográficos Um Inverno e Depois do Inverno para exposição individual no Instituto Tomie Ohtake e respectivos livros. Publicou 24×36 centrado na pesquisa em imagens nato-digitais, Vila Prudente, projeto realizado entre 1979 e 1981 e preparou os arquivos das reproduções para o livro de Paul Strand editado pela Edusp. Realizou a documentação fotográfica das obras do pintor Alfredo Volpi para o catálogo raisonné. Também coordena o Grupo de Pesquisa em Impressão Fotográfica – GPIF (CNPQ) na ECA.
Marco Buti (1953). Nascido na Itália, reside no Brasil desde 1962. Professor titular na ECA desde 2017, graduou-se em Artes Plásticas, obteve mestrado e doutorado na mesma escola. De 1986 a 1995, foi professor de gravura e desenho na Universidade Estadual de Campinas (Unesp). Desde 1996 é professor de gravura e desenho no departamento de Artes Plásticas da ECA. Desde 1980 expõe suas obras e parte de seu trabalho artístico pode ser visto em marcobuti.com.br
Lucas Eskinazi (1990) é artista e professor. Tem como primeira formação Letras na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e Cinema (AIC). É mestre em artes pela ECA, onde cursa atualmente o doutorado. Apresentou seus filmes e fotografias no MAC-USP, Centro Cultural São Paulo, IMS-SP, Kinoforum, Mostra Tiradentes, Festival Ecrã, Revista Têmpera, entre outros. Traduziu o livro A imagem fantasma de Hervé Guibert (Editora 34) e os ensaios Potências do falso de Éric Baudelaire (Revista Ars) e Mimetismo ou psicastenia lendária de Roger Caillois. Sua pesquisa sobre o ato fotográfico e a presença da câmera na sociedade, é desdobrada em trabalhos artísticos, textos e aulas.
Rafael Aguaio (1992), artista e professor, tem sua prática artística no centro de São Paulo, onde nasceu e vive. Em 2015 ganhou o prêmio de artes visuais do 23º Nascente USP com a série fotográfica Litoral. Em 2017 terminou a graduação em artes com o livro de fotografias Paisagem Segundo São Paulo, com a orientação de João Musa. Entre 2019 e 2023 foi professor de desenho e fotografia no ensino superior. Seu mestrado em poéticas visuais na ECA, sob a orientação de Marco Buti, dá continuidade às práticas cotidianas entre o ateliê e a cidade. Participou de diversas exposições coletivas no Estado de São Paulo e publicou ensaios visuais nas revistas Têmpera (Univasf) e Rebento (IA-Unesp). Atualmente trabalha com reprodução fotográfica de obras de arte para outros artistas e instituições.
O curador
Claudio Mubarac (1959). Professor titular da ECA desde 2004, graduou-se em Artes Plásticas e obteve seu doutorado em 1998, na mesma escola. Entre 1985 e 2003 foi professor de gravura na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), e orientador do Atelier de Gravura do Museu Lasar Segall, que coordenou a partir de 1989. Leciona desenho e gravura na ECA. Participou, desde 1980, de mais de 180 exposições, no Brasil e no exterior. Tem obras em várias instituições, como MAM-SP e MAM-Rio, Pinacoteca de São Paulo, Museu Nacional de Belas Artes e Biblioteca Nacional da França. Recebeu bolsas de estudos para os Estados Unidos, Inglaterra, Itália e França, entre 1993 e 1999. Realizou várias curadorias a partir de 2005, para a Pinacoteca de São Paulo, SESC e Instituto Moreira Salles, entre outras.
Serviço
Exposição São Paulo cidade, sinais, manchas e sombras
Evandro Carlos Jardim
João Luiz Musa
Marco Burti
Lucas Eskinazi
Rafael Aguaio
Curadoria de Claudio Mubarac
Abertura 3 de abril – a partir das 18 horas
Onde | Centro MariAntonia – Edifício Joaquim Nabuco
Rua Maria Antônia, 258 – Vila Buarque – São Paulo, SP (próximo às estações Higienópolis e Santa Cecília do metrô)
Quando | De 3 de abril a 29 de junho de 2025
Visitação | terça a domingo, e feriados, das 10h às 18h
Quanto | Grátis
Informações | (11) 3123-5202